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    27 de fev. de 2012

    Chegam ao Brasil sobreviventes do incêndio em base na Antártica

    27/02/2012 às 09h27min - Atualizada em 27/02/2012 às 09h27min


    Chegam ao Brasil sobreviventes do incêndio em base na Antártica


    Chegam ao Brasil sobreviventes do incêndio em base na Antártica

    O sargento Luciano e os outros participantes da missão desembarcaram na Base Aérea do Galeão, no Rio, no início da madrugada de hoje.

    O avião da Força Aérea Brasileira trazendo a equipe retirada do continente antártico pousou na Base Aérea do Galeão a 1h10 da madrugada de segunda-feira (27). Os 26 pesquisadores, os 12 operários do arsenal de Marinha, um alpinista, um funcionário do Ministério do Meio Ambiente e um militar foram recepcionados pelo ministro da Defesa, Celso Amorim.

    O primeiro sargento Luciano Medeiros, que teve queimaduras nas mãos, foi retirado de cadeira de rodas e levado de ambulância para o Hospital Naval Marcílio Dias. Parentes aguardavam ansiosos.

    Os primeiros depoimentos revelavam a dimensão da tragédia. “Nós ficamos do lado de fora assistindo à estação pegar fogo. Eu nem vou falar muito, porque eu estou muito abalada. Foi muito traumatizante”, comentou uma tripulante.

    “Houve uma mobilização muito grande no intuito de evacuar o espaço, tirar principalmente pesquisadores, resguardar a segurança de todos para que eles pudessem entrar com o grupo de brigada para combater o incêndio”, relatou o pesquisador Arthur Rocha.

    Os pesquisadores contaram que o fogo consumiu todo o trabalho deles. “Todas as amostras, todo material de coleta, perdemos tudo”, contou o pesquisador Caio Cipro.
    O incêndio é uma das situações de emergência mais temidas pelos pesquisadores no continente antártico, que tem ventos fortes, clima seco nos abrigos e muito material inflamável.

    “A velocidade de propagação do fogo é muito rápida. Então, o combate ao incêndio é complicado. Depois você não tem reservatórios muito grandes de água”, explica Heitor Evangelista, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

    O suboficial Carlos Alberto Figueiredo e o primeiro sargento Roberto dos Santos iriam se aposentar no ano que vem. Os corpos deles foram encontrados na praça das máquinas. Era deles a tarefa de fechar as válvulas de combustível que alimentavam os geradores. Para as famílias, eram profissionais que deram a vida pela missão no continente gelado.

    “Eu o considero um verdadeiro herói. Para nossa família, meu irmão é um herói, porque ele estava ali fazendo o que ele gostava. Pelo Brasil, pela pátria, ele estava ali de coração”, destacou Irineu Lopes, irmão do sargento Roberto.

    “Um pai exemplar, um companheiro insubstituível na minha vida. Sempre foi uma pessoa maravilhosa na vida da gente”, lamentou Suely Colares, mulher do sargento Roberto.

    “É um guerreiro que sai do seu lar para cumprir uma missão e que, quando está prestes a retornar, sucumbe. Meu pai é um herói. Já era meu herói e acredito que hoje seja um herói nacional”, afirmou Vinícius Figueiredo, filho do suboficial Carlos Alberto.

    “Eles combateram o fogo dando o máximo de si, preservando a vida das pessoas que estavam na estação. Algumas estavam dormindo”, declarou Heitor Evangelista, professor do Instituto de Biologia da Uerj.

    Segundo a Marinha, 70% das instalações foram destruídas. Ficaram intactos os refúgios de emergência, laboratórios de meteorologia, de química e de estudos da atmosfera, os tanques de combustível e a área de pouso de helicópteros.

    O Ministério da Defesa informou que um avião da Força Aérea Brasileira já decolou rumo ao continente antártico para buscar os corpos do suboficial Carlos Alberto Figueiredo e do primeiro sargento Roberto Lopes dos Santos. A chegada à Base Aérea do Galeão está prevista para a manhã desta terça-feira (28).

    Entre os colegas que desembarcaram hoje, há um relato emocionado da luta para tentar salvar os dois. O tenente Pablo Tinoco contou que viu quando os dois se preparavam para entrar na casa de máquinas. Ele foi um dos que ajudaram na tentativa de resgate.

    “Tentamos com um dos nossos tratores destruir as anteparas da estação, mas a estrutura foi resistente ao ponto de não conseguirmos nem com um de nossos maiores tratores. A gente combateu com força e com suor, mas não foi possível”, contou o tenente Pablo Tinoco.

    Fonte:  http://www.jornalfloripa.com.br/brasil/index1.php?pg=verjornalfloripa&id=17055

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